Cabos azuis conectados.

Pare de fazer networking


O empreendedorismo salvou minha vida.

Ainda estou longe de ser um grande empreendedor prodígio, que criou uma empresa bilionária, que passou em Stanford, como o Henrique Dubugras ou o Pedro Franceschi.

Cresci e vivi por muito tempo num ambiente fechado, de escassez. Achava que o topo seria ganhar R$ 10 mil por mês.

Por algum acaso, que não lembro exatamente, aprendi o termo “empreendedor”. Achava que era o cara que era, necessariamente, dono de um negócio. Depois aprendi que é um termo mais amplo — que inclui sim ter um negócio —, onde você toma as rédeas da sua vida, faz acontecer, pensa em gerar valor, resolve problemas.

Eu adoro esse meio do empreendedorismo. Curto demais saber de histórias de pessoas que venceram, que deram certo, que criaram soluções para o mundo, que contrariaram as estatísticas.

Nesse meio eu descobri algo que nunca tinha enxergado: abundância. Não é que nunca acontece algo errado e que existe dinheiro infinito. Inclusive, como diria o Flávio Augusto, estabilidade não existe. É que você liga seu radar e, de maneira impressionante, enxerga soluções pra muita coisa, de um jeito ou de outro.

Mas ao contrário do que a maioria da bolha de empreendedores diz, percebo que nunca fiz networking. Nunca fiquei obsessivo em “ser o mais burro da mesa”. Nunca quis trocar cartões em busca de exclusivamente fazer negócios.

Eu sempre quis fazer conexões. Apesar de ser mais fechado, eu adoro saber dos detalhes das pessoas.

Eu sempre quis gerar valor. Mesmo. Cada vez mais, tenho refletido sobre desfrutar meu tempo aqui na Terra da melhor maneira possível e servir o outro. Por consequência, eu ganho algo com isso. Seja dinheiro, alegria ou amigos. Ou tudo isso.

E de amigos — ou até mesmo bons colegas — eu sempre tive muita sorte.

Posso fazer uma linha do tempo:

  • Em 2012, terminei minha faculdade de Gestão da Tecnologia da Informação. Conheci o melhor professor que tive na vida, Luiz Guarino. É doutor em inteligência artificial e tem mais de vinte anos de carreira. Até hoje somos amigos e frequentemente conversamos. Ele irá participar de um projeto comigo sobre produtividade e inteligência artificial;
  • Em 2013, conheci pessoalmente o Padre Fábio de Melo, uma das pessoas mais importantes da minha história. Eu acompanho o ministério dele desde quando eu era criança, quando eu ia com minha família na Canção Nova, uma comunidade católica. Hoje eu ajudo o padre com algumas coisas de tecnologia, como o canal do YouTube, o perfil do Spotify, o site pessoal e, eventualmente, edito alguns vídeos ou crio algumas artes pra ele postar nas redes sociais;
  • Em 2015, depois de uma discussão boba por causa de futebol, depois do Palmeiras perder de 6 a 0 pro Curitiba, fui zoado pela Monara Marques, uma das maiores comunicadoras que conheço. Após isso, trabalhei num projeto com ela — antes de eu vê-la se reinventar em praticamente três profissões diferentes com muita excelência — e ficamos grandes amigos;
  • Ao chegar em São Paulo em 2017, sem ter onde dormir, o dono da empresa que me contratou falou com Caio e Luan pra me deixarem ficar no apartamento que moravam por uns dias até achar uma moradia. Acabei morando com eles por 5 anos;
  • Ainda no mesmo ano, conheci meu grande amigo Henrique Bastos. Ele praticamente salvou minha carreira, já no início de tudo, me fazendo entender que eu não deveria ser um mero “executador de demandas”. Com a comunidade que ele criou, também conheci dezenas de outros amigos/colegas;
  • Conheci essa empresa que fui trabalhar na Capital através de um vídeo no YouTube do Mauricio Benvenutti. Estava na cozinha da casa dos meus pais com minha mãe fazendo frango cozido para o jantar. Falei a ela que trabalharia com o Mauricio. Meses depois estava com ele. Um ano depois estava na casa dele em San Francisco na minha primeira viagem internacional;
  • Durante os últimos anos, participei de mais de 70 eventos de tecnologia e pude conhecer alguns dos melhores programadores do Brasil e do mundo, um deles é o meu melhor amigo hoje, Hugo, que além de ser o grande responsável por eu trabalhar na empresa americana que atuo no momento, também me influenciou a vir morar em Santos;
  • Ainda na empresa que atuei por 5 anos, o Pedro Englert, sócio da empresa e ex-sócio da XP Investimentos também marcou minha vida. No comecinho da minha vida em São Paulo, estava juntando grana e não queria nem comprar uma cama. Dormia num colchão de ar que os caras me emprestaram. Pedro soube da história e me deu o cartão da empresa pra comprar a cama. Hoje, vez ou outra, a gente se vê e ele já me chamou pra dar 2 palestras pela Junior Achievement, uma ONG que ensina empreendedorismo para jovens do mundo inteiro.

A lista ficaria extensa. Paro por aqui.

Só não paro de continuar querendo fazer conexões verdadeiras, de gerar valor e de querer ser cada vez melhor. Mesmo.